No horizonte rasgado por árvores maestrinas do
silêncio
por vezes verde, outras vezes amarelo ou então
castanho
(o escritor adivinhou-lhe o vermelho de sangue
sangrado)
eis que surge a chaminé, atrevimento do monte
alentejano.
A poeira da estrada indica o caminho
até onde o branco da cal se agiganta em forma de casa,
alcova do fresco da noite e do cheiro humano.
Tem o postigo aberto. Entremos.
alcova do fresco da noite e do cheiro humano.
Tem o postigo aberto. Entremos.
Na cozinha, bebe-se água por um cocharro comum,
fragância de barro na cortiça aveludada.
A mesa e os bancos corridos ocupam o centro do lugar,
mas a chaminé é rainha. Anfitriã extrema.
fragância de barro na cortiça aveludada.
A mesa e os bancos corridos ocupam o centro do lugar,
mas a chaminé é rainha. Anfitriã extrema.
Aberta ao infinito, convida ao encontro, à poesia.
Oferece cadeiras de palha e banquinhos de tripé (por mão do homem)
Também os sabores da terra numa fatia de pão (gentileza da mulher).
Todos presentes. Por vezes uns, por vezes outros.
Todos presentes. Por vezes uns, por vezes outros.
A hierarquia nunca é esquecida.
Traçam-se planos de combate ao descampado,
partilham-se saberes práticos.
Grandes conversas, pequenas conversas,
conversas que podem mudar o mundo.
Lugar de utopia, conspirações, segredos, tertúlias e paixões
conversas que podem mudar o mundo.
Lugar de utopia, conspirações, segredos, tertúlias e paixões
mitos longínquos, histórias recentes, esperanças futuras,
No silêncio do lume de azinho,
não há frio, não há calor,
há comunhão.
há comunhão.
FC/7janeiro2015
[versão modificada de A Chaminé (FC/2009)]
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