sábado, 18 de junho de 2022

Santo Popular


 









Marchai, marchai, oh raia miúda engordurada, egrégios netos do avô da nação, povo que aos costumes diz sempre nada, quando deveria dizer claramente Não!

Vistam a vossa pobreza com cerveja, vinho e pão, oh bom povo que marchais escorreito, hoje há arraial e alienação, amanhã, terás balas no peito. E aos costumes disse nada.

Tenho um sonho que realizei, o de ser rei onde a sardinha é rainha, sou o pai de toda a grei (e lei) neste lindo Portugal, o meu pátio alfacinha. E aos costumes disse nada.

Este ainda não nasceu, mas serve na perfeição, leva lá um xoxo meu, com sabor à minha amada (acabei de a comer), serás bem-vindo ao país da ilusão, pst, senhor fotógrafo, apanhou?, não? E aos costumes disse … não ouvi … não?… 

Que o Santo vos acompanhe e o Ronaldo nunca nos falte.

(FC/junho2022)


Abraço

 






















A vida, quando vivida, desatina, inevitavelmente, o destino destinado, dá voltas, dá muitas voltas, não é a direito por aí afora, como se fosse um caso sem acaso, asséptico, céptico, programado, saudado com um beijo em cada uma das faces. A vida, quando vivida, é o pulsar do inesperado, o querer do acaso, linha curva, envolvente, como o abraço, quando se cumprimentam e cumprem os corações.

(FC/14junho2022)

Uma viagem ao interior

 













O tempo, o silêncio e a solitude trazem-nos à consciência as nossas fragilidades, mas também a infinitude das nossas possibilidades, eis onde devemos poisar o nosso foco. Uma viagem ao interior, sem fronteiras nem limites ou preconceitos, não carece de passe social, é de borla (das poucas coisas) e jamais será gratuita. Depois, é seguir em frente.

(FC/junho2022)


segunda-feira, 6 de junho de 2022

Do que tenho aprendido

 



















Inspirada em Fernando Pessoa, eis-me em pleno contraditório, despida de preconceitos e coerência, aceitando o desafio de procurar nos «estados de alma da luz» e nas «atitudes da paisagem», sensações políticas, religiosas e artísticas. Talvez assim, mergulhada no jogo livre dos sentidos e disponível para a vivência estética, consiga realizar a minha humanidade com beleza, elegância, serenidade e amor, esse outro sentido que nos atira para níveis de inspiração e de imaginação incomuns, como nos diz Nick Cave. 

E a liberdade? A liberdade não é a ausência de compromisso, mas o seu contrário, com o atributo da curiosidade, do espanto, da espontaneidade, do atrevimento e da disponibilidade para o novo. Como me disse um amigo, a liberdade é a forma de seguir a saudade até chegarmos a casa, à nossa essência, onde encontramos a autenticidade. 

(FC/maio2022)