A Lula engrossa a fileira dos Molusca, rapaziada invertebrada,
às vezes com duas conchas, outras vezes com uma ou então nenhuma. Tem um corpo macio,
suportado por uma casca interna, parecida com a pena da ave. Também como as
aves, mas não o suficiente para nos confundir, a Lula apresenta uma espécie de
bico na boca, a rádula quitinosa, muito útil para rasgar pequenos peixes,
camarões, caranguejos e outras lulas, que caça impiedosamente. Dois dos 10 tentáculos
estão transformados em fortes mandíbulas, que a natureza não brinca em serviço.
Ao contrário do caracol, que tem o pé na «barriga» e se
desloca com a maior das calmas, a Lula tem os pés transformados em tentáculos,
directamente ligados à cabeça. Portanto, rápida na reacção e ágil na locomoção.
Em caso de ataque, liberta pigmentos na água confundindo os predadores. Também
tem a capacidade de se camuflar com diferentes cores, a ponto de não se dar por ela.
O
corpo é hidrodinâmico e move-se por propulsão a jacto deslocando-se para trás,
por vezes em alta velocidade, surpreendendo os peixes mais próximos. O nome
mais certo para a Lula seria Lá-vai-Jacto.
O aspecto mais curioso da sua biologia é o facto de morrerem
depois do acasalamento. O amor mata, neste caso. Ele e ela. À conta disso, têm uma vida muito curta. A natureza nunca
explicou a vantagem biológica das paixões fatais.
Resta-me dizer que a Lula é parente próxima do cerebral
Polvo, de excelente visão; dos tímidos Chocos, cuja arte é a camuflagem;
e do Náutilo, que tem a Via Láctea desenhada na concha e guarda em si a precisão matemática. Um animal de outros tempos.
FC/Março2016
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