sexta-feira, 8 de abril de 2022

Meu Pai


 














Meu Pai

De onde lhe nasce o sorriso com que me brinda e ampara, se lhe apareço desconhecida?

De que outrora regressa, quando lhe dizem que aquela que o cumprimentou é a sua filha?

De que lonjura vem essa memória de mim, que logo restabelece o laço inquebrável?

 

Meu Pai

Como consegue orientar-se no tempo, se os mitos se impõem à história?

Com que estranhamentos se debate, sem que demos por isso?

Quem lhe roubou o pretérito-perfeito?

 

Meu Pai,

Grande é a sua sabedoria,

Que faz da natureza que lhe invade o logos, a sua própria destreza

Privilegiando a sensibilidade como guia, 

Num mundo reduzido à muda poesia.

 

Meu Pai,

Não são necessárias palavras agrafadas ao tempo, deixe-as ir.  

Sempre apreciei a liberdade.

Basta sentar-me consigo e ouvi-lo um pouco, um poucochinho

E abraçar a sua serenidade.

 

FC/08abril2022


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