quarta-feira, 4 de novembro de 2015


















O estranhamento comanda a escrita literária - eis uma das grandes lições que Mário de Carvalho, descrente assumido de pragmáticas e dogmáticas, nos oferece em Quem disser o contrário é porque tem razão. 

O livro parece ser escrito para jovens escritores, mas não é. Sem dizer o contrário, mas ainda assim julgo ter razão, também um não-escritor deve aventurar-se pelo inexplorado, procurar os invisíveis nos visíveis, espantar-se com as pequenas coisas, seguir os conselhos de Mário de Carvalho. Bem sei que não terá literariedade suficiente para transformar esse decalque em obra (coisa para artistas), mas descobrirá a beleza das perplexidades, a cumplicidade das palavras, a boa consciência. 

Viver com arte está ao alcance de todos. Espante-se, assombre-se, pasme-se, desfaça ou descongele o que a linguagem, através dos conceitos, afirmações, definições ou doutrinas, congelou. E não se esqueça o não-escritor: o estranhamento comanda a vida. 

Não se cruzam a realidade e a ficção? Então? A Marquesa saiu às cinco horas, nós sairemos às quatro e um quarto.

fc/26fev2015

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