quinta-feira, 2 de julho de 2015

Oito horas











Oito horas.
Duas palavras num pequeno papel, que resumem a resistência à adversidade e a firmeza de gerações inteiras do século XX português. Um pequeno papel passado de mão em mão, às escondidas, até à vitória dos cravos.
Oito horas…
Que foram também de tortura, de fome, de desespero, de solidão. No banco dos nus, “tapa-te lá com esta força e esta firmeza”, diz o escritor. No final, papel em branco, nenhum nome. A dignidade foi superior à dor e ao medo. Os presos políticos lembrar-se-ão.
Oito horas?
Donos e senhores de marionetes políticas determinam o fim das oito horas. Em nome do interesse público, clamam. - De sol a sol, que esta vida é de trabalho! De “arrastamento”, insiste o escritor.
Oito horas,
Entre reuniões autofágicas, emails apressados, motoristas atarefados, gravatas sufocantes, ordens, ordens, ordens… eles trabalham para lá das oito horas. Sentem-se formigas num mundo de cigarras preguiçosas. Porém, a montanha é incapaz de parir um rato. As pessoas não interessam, quando o tempo corre contra o tempo. Cumpra-se! (é mais rápido assim). É pena desperdiçar-se um dia inteiro nesta treta das eleições, pá. -pensarão alguns - Façamos o frete, pois segunda-feira o comando é nosso, novamente. E já nas 40 horas!
Oito horas!
A hora de abertura das urnas, no dia 29. O papel é nosso. É pessoal, intransmissível e livre. Uma cruz a significar democracia. Neste dia, e apenas neste dia, o desempregado é igual ao empregado, o rico é igual ao pobre, o candidato é igual ao eleitor, o primeiro-ministro é igual ao indigente.
É importante deixar clara a força desta igualdade. É importante demonstrar a força do Poder Local, a força do poder de um povo. Desta vez, mais do que nas outras, talvez, é importante pensar global, agir local. É importante votar!
FC/25set2013

(véspera das eleições autárquicas 2013)

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